Como todos os outros abestados
Sair do ensino médio pode ser uma coisa maravilhosa. Você se liberta da escola e, por mais pressão que exista em cima de “tomar um rumo na vida”, o sentimento de missão cumprida e “fim de uma era, início de outra” é o que predomina nos pobres e inocentes corações pré-adultos de dezoito, dezenove anos.
Até o momento em que a “vida
adulta” bate na porta e diz um sonoro “cheguei!”. Primeiro passo: vestibular.
Se vira, criatura, e arruma um curso decente.
- Que tal engenharia?
- Não. Definitivamente, não.
- Mas você era um exemplo de
aluna, tem que escolher engenharia de qualquer jeito!
Primeiro problema: não seguir
os desejos da família.
Claro que eles dizem “faça o
que te faz feliz”, mas... Sinceramente? Conversa para boi dormir. Você deve sim
ser feliz, mas do jeito deles. Se for de outro jeito, não serve. Principalmente
se sua escolha for de seguir a profissão que seus familiares mais odeiam. Mas
se acalma, criatura, que isso é só o começo.
Segundo passo: emprego. Ou
estágio. A questão é que você não pode ficar em casa o dia todo apenas coçando
saco. Tem que fazer alguma coisa. Sim... Você arruma um emprego/estágio/bico e
não passa mais os dias dormindo.
E também não tem mais tempo.
- Você só trabalha e estuda,
não tem mais tempo para a família, nunca vê sua mãe...
E adianta falar que quem
mandou você arrumar um emprego é justamente quem mais reclama dele? Claro que
não! Deixa de ser iludido, meu filho. E aceita que dói menos.
É só o segundo problema:
bipolaridade familiar.
Mas não se preocupe. Essas são
as questões menos conflitantes. Existe um problema que fica acima de todas
essas cobranças e obrigações. Tem um motivo pelo qual sua família não vai só
reclamar; vai fazer da sua vida um inferno.
Nós somos a geração desgraçada
que “fica em casa por causa da internet”, “sai pra balada todo dia”, “bebe até
cair”, “mais rodada que blayblade”, “não usa roupa”, “quer só ostentar”, “ouve
música de gente doida”, “ouve música de gente velha”, “quer o celular top” e
por aí vai...
Você, jovem do século XXI,
sabe que a evolução tecnológica foi a melhor coisa que já aconteceu na história
da humanidade porque você fica perto de todo mundo o tempo todo. E você também
sabe que a pior coisa que existe no mundo é justamente a que te persegue o
tempo inteiro, vinte e quatro horas por dia, com internet ou sem internet:
família.
É aí que você descobre que a
internet não foi uma invenção tão boa. Não quando todo mundo que você não
queria que ficasse vasculhando a sua vida, é quem mais vasculha , fuça, vira
seu facebook do lado avesso procurando por uma só coisa: Foto. Mas não é foto
sua, caro ser iludido, procuram por foto do amor da sua vida mesmo.
E eis que surge o maior
problema dessa nova vida que você tanto almejou: a cobrança maior não é quanto
a faculdade ou a carreira. O problema maior explode quando você decide
simplesmente não se casar aos vinte e dois anos de idade, ao contrário do seu
primo que é o “exemplo de bom menino”.
Você, caro idiota que ousou
crescer, foi tachado de ovelha negra da família por não seguir o curso que lhe
sugeriram, por não trabalhar, por trabalhar e, agora, por ser solteiro. Porque
todos os jovens da sua idade, independentemente do sexo, raça, condição social,
religião e escolha têm que ter um parceiro(a) para chamar de namorado(a) e
apresentar aos pais num final de semana onde se reúnem todos os malditos
familiares que fuçam seu facebook dia e noite.
E sabe o que você vai fazer?
Com toda essa revolta contra pais e mães desesperados por netos e tias
encalhadas que insistem em conhecer os “momozinhos”, você simplesmente vai
arrumar uma namorada, vai se apaixonar, pedi-la em casamento e ter dois filhos
e um cachorro labrador – que gosta de crianças.
E sabe o que é pior? Você,
imbecil abestado, vai fazer com as gerações futuras exatamente o que seus
familiares fizeram com você. Por que? Porque, no fim, você não é diferente
deles.
0 comentários :
Postar um comentário