E os namorados?
- E os namorados?
Meu sorriso quase educado
fica congelado e eu penso numa das milhares de respostas que eu adoraria
proferir à alguma tia velha e encalhada.
Mas não é uma tia velha e
encalhada. É só uma menina-clichê-perfeito-de-ameba. Maldita hora em que mães
acreditam que dezenove e quinze anos são sinônimos. Maldita mente materna que
acha que os filhos devem socializar com os filhos dos seus amigos.
Talvez, se eu tivesse a
idade – e mentalidade – dela, conversaria sobre namorados e boyband’s escrotas.
Mas não tenho. Uma das desgraças talvez seja ser mais velha que a média de
filhos dos amigos dos meus pais. Talvez a desgraça sejam os filhos dos amigos
dos meus pais ou então o meu mau humor e falta de paciência com idiotice. Não
sei direito...
Eu poderia dizer que estou
namorando - mentira. Poderia falar também que estou encalhada - meia verdade.
Ou que estou à procura do cara ideal - nem sei se é verdade ou não. Não.
Nenhuma delas. Prefiro deixá-la sem palavras.
- Namorar? Só para ter uma
mão pegando na minha bunda e me dando orgasmos? - Espero que uma das minhas
sobrancelhas tenha se erguido para dar o efeito necessário. – Não. Dispenso.
Posso fazer isso sozinha.
A boca coberta por dois
quilos de brilho labial de dois reais da revista avon ficou uns bons
cinco segundos escancarada. Ela, certamente, deve pensar que eu sou frígida ou
lésbica ou, no mínimo, louca. Ou todos eles juntos. Engraçado, não?
Não. Irritante. Irritante
como algumas pessoas gostam de se sentir vadias e não inteligentes ou... Ou
qualquer outra coisa que preste. Uma mão na bunda, uma apalpada no peito, um
oral bem feito e pronto! São mulheres de verdade. E aos quinze anos! Que coisa
mais... Adulta!
Tudo bem se a pessoa quer
ser feita de corrimão por metade da população masculina da cidade, tudo bem se
ela se sente feliz e realizada dando para metade dos gringos que apareceram na
época da copa... É sério. Não critico essa ânsia por sentir um pau duro por
entre as pernas.
O que eu critico é a minha
criação antiquada que colocou na minha cabeça que o cérebro vale mais que a
boceta.
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