Antimatéria
Escrever é meu único escape.
Enquanto meus dedos batucam furiosamente no teclado, meu coração se esvazia e
eu consigo ter uns poucos instantes de paz. Um segundo ao menos de
tranquilidade. Sem ter que temer me desmanchar.
Porque meu peito é uma bomba
relógio e a escrita o atrasa. A qualquer momento pode explodir e levar consigo
o que antes foi um imenso forte impenetrável, inatingível. Se o tempo acabar,
tudo voa pelos ares e o autocontrole que tanto lutei para criar se desfaz.
Porque esse sofrimento me
mata. Não confio em mim mesma quando minha mente vaga por tais caminhos
tortuosos. Não confio em meus olhos para se manterem secos enquanto me lembro
do que me faz ter vontade de chorar.
Porque eu sou feita de aço,
mas só por fora. Uma casca dura e fria que protege algo com a consistência de
uma maria-mole. O sabor amargo é como uma essência, o toque final no que seria
um doce por demais enjoativo.
Então, escrever é minha
única válvula de escape. Uma saída de emergência para todo o ar poluído que
guardo aqui dentro. É o meu porto seguro, meu altar; a zona de conforto na qual
eu não preciso temer explodir.
Porque eu sou uma partícula
de antimatéria. Letal. Pronta para destruir tudo á minha volta ao menor sinal
de perigo.
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