Pode ir

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Pode ir


Pode ir, eu não ligo. Você, que já foi tantas vezes, que já me fez chorar mais de mil vezes, pode ir. Não me importo tanto quanto antes. Algumas coisas mudam quando você menos espera e essa é uma delas. Pode ir agora, eu não vou mais chorar.

Pode ir. Eu me viro por aqui. Saudade a gente guarda na mala e você leva junto. Dor fica para depois e o amor... O amor espera, não? Não é o que dizem? Que o amor espera o tempo que for? Então, se for amor, vai esperar você voltar. Se não for, tento outro tipo de gente.

Pode ir. Feche a porta e não olhe para trás. Não quero ter que comprar um conhaque para enfrentar esse inverno que fica em seu lugar. Faça o favor de dizer "até logo" mesmo que corra o risco de ser "Adeus". Você sabe bem - melhor que ninguém - como eu detesto despedidas. 

Pode ir tranquilo que eu não vou mais roer as unhas enquanto seguro meu próprio coração. Nem vou me entupir de vinho barato enquanto fujo da minha própria saudade. Dessa vez, não vai me faltar coragem para renunciar. Já me acostumei com todas essas batalhas que você luta em prol de um bem maior.

Pode ir. Mas, por favor, volte. Não precisa de medalhas, mas volte com um coração. Já é difícil procurar a mim mesma no espelho. Não quero ter que te procurar em você mesmo também. Não sei se posso suportar te perder quando nada mais me resta.

Pode ir. Vá. E siga meu conselho: não tente ser maior que o mar. Aceite apenas o peso que é capaz de suportar. Eu sei que você não vai me ouvir na hora "H", mas não tente ser um Dom Quixote. Algumas coisas não podem ser consertadas e você pode morrer ao tentar.


Pode ir. Eu não ligo. Quando voltar, eu vou estar aqui. No mesmo lugar. Ainda sonhando mais alto do que meus pés podem alcançar enquanto os acordes do meu velho e idolatrado Humberto ecoam pelo ar.

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