Não me esqueça

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Não me esqueça



Sempre tem aquelas músicas do tipo "pedi ao vento pra trazer você pra mim" que resolvem tocar numa hora dessas. Eu ainda acredito piamente que o aleatório do programa de músicas é amaldiçoado pelos corações partidos e humores sombrios. Parece que a consciência afeta as máquinas, afinal.

"Vou pedir aos céus você aqui comigo"... Talvez eu devesse tentar algo tão extremamente meloso assim. Só para não morrer com a consciência pesada, entende? Nem eu. Mar, aqui não tem. Só me resta ir para a varanda nessa noite irracionalmente fria, olhar para cima feito uma pateta e... Fazer o quê? Berrar com um Deus cuja existência eu nem sei se é real? Ou olhar para a maior estrela que eu conseguir e pedir pra te encontrar? Isso se eu conseguir achar alguma nesse céu poluído.

É maluquice. A coisa fica batucando tanto na sua cabeça que você fica tentado a fazer mandingas que, com certeza, vão falhar. Mas a maldita música não sai da minha mente retardada e eu tenho que tirar a prova de que não vai dar certo. O máximo que pode acontecer comigo é morrer de hipotermia. Normal.

Vamos lá. Siga a praga da melosa canção e peça ao vento para trazer seu amor de volta. Ou ao céu. Ou para o mar que fica a dois estados de distância. Para lua, marte, júpiter ou para o sol ausente, mas peça. Peça porque é melhor parecer uma idiota do que viver sentindo remorso. Deus... Isso é ridículo, mas ninguém vai ver. E nós sabemos disso.

Fecho meus olhos como uma demente adoradora da noite saída direto da House Of Night e resmungo que quero que ele volte, que ele apareça aqui de qualquer forma. E não é que ele aparece?! Não brotando, mas do outro lado da rua na varanda de frente para a minha. Se ele é meu vizinho, por que parecia tão difícil de achá-lo?

É só descer as escadas, atravessar a rua e entrar na casa dele e pronto. Estamos juntos. E eu percebi que não era para algum astro que eu tinha que fazer pedidos. Ele está aqui me abraçando enquanto eu só peço uma coisa antes da temível viagem:

- Não me esqueça. Porque eu não sei se consigo te esquecer.

E é claro que o segundo período da fala só foi ouvido pelo vento.

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