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Sempre tem aquelas músicas
do tipo "pedi ao vento pra trazer você pra mim" que resolvem tocar
numa hora dessas. Eu ainda acredito piamente que o aleatório do programa de
músicas é amaldiçoado pelos corações partidos e humores sombrios. Parece que a
consciência afeta as máquinas, afinal.
"Vou pedir aos céus
você aqui comigo"... Talvez eu devesse tentar algo tão extremamente meloso
assim. Só para não morrer com a consciência pesada, entende? Nem eu. Mar, aqui
não tem. Só me resta ir para a varanda nessa noite irracionalmente fria, olhar
para cima feito uma pateta e... Fazer o quê? Berrar com um Deus cuja existência
eu nem sei se é real? Ou olhar para a maior estrela que eu conseguir e pedir
pra te encontrar? Isso se eu conseguir achar alguma nesse céu poluído.
É maluquice. A coisa fica
batucando tanto na sua cabeça que você fica tentado a fazer mandingas que, com
certeza, vão falhar. Mas a maldita música não sai da minha mente retardada e eu
tenho que tirar a prova de que não vai dar certo. O máximo que pode acontecer
comigo é morrer de hipotermia. Normal.
Vamos lá. Siga a praga da
melosa canção e peça ao vento para trazer seu amor de volta. Ou ao céu. Ou para
o mar que fica a dois estados de distância. Para lua, marte, júpiter ou para o
sol ausente, mas peça. Peça porque é melhor parecer uma idiota do que viver
sentindo remorso. Deus... Isso é ridículo, mas ninguém vai ver. E nós sabemos
disso.
Fecho meus olhos como uma
demente adoradora da noite saída direto da House Of Night e resmungo que quero
que ele volte, que ele apareça aqui de qualquer forma. E não é que ele
aparece?! Não brotando, mas do outro lado da rua na varanda de frente para a
minha. Se ele é meu vizinho, por que parecia tão difícil de achá-lo?
É só descer as escadas,
atravessar a rua e entrar na casa dele e pronto. Estamos juntos. E eu percebi
que não era para algum astro que eu tinha que fazer pedidos. Ele está aqui me
abraçando enquanto eu só peço uma coisa antes da temível viagem:
- Não me esqueça. Porque eu
não sei se consigo te esquecer.
E é claro que o segundo
período da fala só foi ouvido pelo vento.
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