O pote de ouro

sábado, 8 de agosto de 2015

O pote de ouro


Às vezes, acontece de duas pessoas não estarem na mesma sintonia. Na verdade, em noventa por cento dos casos elas não encontram um timbre comum. Como um violão desafinado, seus tons não combinam e ajustar-se um ao outro não é algo simples de se fazer. É como uma formiga que tenta ser abelha, mas não tem a característica fundamental para se sentir em casa.

Era o que acontecia com eles. Cada um, o perfeito oposto do outro. Cada um deles com suas individualidades que queriam dividir. Ela, com ele. Ele, com todas.

Não que os amores múltiplos dele já não fossem conhecidos do mundo. Não que suas idas e só idas não fossem comentadas pelas bocas, maldosas ou não. Não que o constante ar inconstante do seu sorriso não declarasse a todo o mundo que ele não era de ninguém. E não que ela já não houvesse sido avisada.

Ele deixou bem claro o que não queria. Não queria apelidos carinhosos, não queria filmes sábado à tarde e muito menos dormir de conchinha. Só uma noite, sem compromisso. Se fosse bom pros dois, poderiam repetir, mas não pelo resto da vida.

Só que, mesmo com todos os avisos e barreiras, ela fez o que qualquer mulher em seu lugar faria e se apaixonou. Como se funcionasse à base da psicologia inversa, seu coração teimou em acreditar que poderia mudar uma alma corrompida. Queria passar as tardes de sábado vendo filmes e queria encontrar o pote de ouro no fim do arco íris dos reflexos da luz dos olhos dele.

Como o previsível manda, ele cansou. E se foi. Para nunca mais voltar. E ela achou um absurdo ele nem olhar para trás enquanto que, para ele, partir era a coisa mais natural do mundo. Enquanto ele se diverte com as outras, ela procura o arco íris no meio da poeira que ele deixou.

0 comentários :

Postar um comentário