Algum drama qualquer - III

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Algum drama qualquer - III


Pego minha câmera e você revira seus belos olhos, sorrindo. Sei no que está pensando. Você acha que é besteira esse negócio de tirar fotos de todos os momentos, o tempo inteiro.

Dizem que recordar é viver. Eu não concordo.

Lembrar-se de algo que aconteceu não é vivê-lo novamente. É só ter uma vaga impressão do que sentiu em certo momento com alguma coisa, pessoa, em algum lugar distante...

E é por isso que tiro fotos. Não confio completamente na minha memória para gravar seu tom de voz, a cor das nossas roupas ou os tiques nervosos. As fotos são como um impulso, um trampolim para que eu me afunde nas lembranças e tente, ao menos, imaginar como seria viver tudo aquilo novamente.

"Por que?", é o que me pergunta e eu apenas sorrio e digo que gosto de tirar fotos, que é uma das minhas paixões.

Mas essa não é toda a verdade.

É porque, daqui há algum tempo, eu quero poder relembrar como foi bom enquanto ainda existia e como foi ser feliz por alguns poucos momentos.

Porque eu sei, no fundo eu sei, que vai acabar.

Porque é sempre assim.

Sempre tem fim.

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