Algum drama qualquer - III
Pego minha câmera e você
revira seus belos olhos, sorrindo. Sei no que está pensando. Você acha que
é besteira esse negócio de tirar fotos de todos os momentos, o tempo inteiro.
Dizem que recordar é viver.
Eu não concordo.
Lembrar-se de algo que
aconteceu não é vivê-lo novamente. É só ter uma vaga impressão do que sentiu em
certo momento com alguma coisa, pessoa, em algum lugar distante...
E é por isso que tiro fotos.
Não confio completamente na minha memória para gravar seu tom de voz, a cor das
nossas roupas ou os tiques nervosos. As fotos são como um impulso, um trampolim
para que eu me afunde nas lembranças e tente, ao menos, imaginar como seria
viver tudo aquilo novamente.
"Por
que?", é o que me pergunta e eu apenas sorrio e
digo que gosto de tirar fotos, que é uma das minhas paixões.
Mas essa não é toda a
verdade.
É porque, daqui há
algum tempo, eu quero poder relembrar como foi bom enquanto ainda existia
e como foi ser feliz por alguns poucos momentos.
Porque eu sei, no fundo eu
sei, que vai acabar.
Porque é sempre assim.
Sempre tem fim.
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