Algum drama qualquer - I

domingo, 3 de maio de 2015

Algum drama qualquer - I


Tão estranho não te ter mais aqui do meu lado... O espaço vazio na cama me deixa com um sentimento perturbador, desconhecido. Algo que, mesmo não trazendo lágrimas aos meus olhos, me deixa a impressão de que perdi você.
Impressão? O quão fundo é o buraco no qual me encontro para subestimar tanto assim sua própria decisão? Te perdi. E nada mais pode trazê-lo de volta.
Não é como quando você saía para viajar. Naquelas circunstâncias, eu sabia que iria voltar. Agora o vazio é mais profundo do que qualquer um possa imaginar. Uma ferida em minha vida que, eu sei, custa a sarar.
Não vai voltar. Não me deixou bem claro? Falou, com todas as letras, que não iria se arrepender ou me ligar nas madrugadas frias e solitárias. Não mais me esquentará.
E eu, tola que fui, não me opus.
Não lhe implorei para que ficasse, não me ajoelhei aos seus pés ou chorei rios de lágrimas para que não me deixasse. Talvez o orgulho tenha falado mais alto, mas a verdade é que nunca, em hipótese alguma, admiti precisar de alguém além de mim mesma.
Tentei me convencer de que tudo daria certo e que amanhã faria só mais um mês. Como uma débil cura para sua falta, tratei de colocar um travesseiro ao meu lado toda noite. Meu mais novo vício: dormir abraçada ao seu cheiro. Até comprei o perfume que costuma usar. Não é a mesma coisa - a combinação do que o seu cheiro natural e esse perfume formam é infinitamente mais prazerosa -, mas de um pouco já me serve. Já me ajuda a lembrar de como era dormir ao seu lado.
Oh! Insano arrependimento. Por acaso não ansiei tanto por ser dona do meu próprio nariz? Até sair cedo da casa dos meus pais, eu saí. Construí minha independência e... O que ganho em troca? Um patético “adeus” e, o que é mais desonroso ainda, um travesseiro perfumado.
Disse que iria embora sem nenhum tipo de arrependimento e eu, mais do que tola, apenas assenti. Minha cabeça se mexendo em concordância enquanto meu coração se despedaçava e minha mente girava. Mas, como eu disse, amanhã fará um mês. Pelo menos é no que eu quero acreditar.
Sim. Fui ao fundo do poço no início, mas agora consigo respirar algo diferente de água. Não o tão sonhado ar puro, mas a poluição já faz parte de nós, certo?
E sempre fará.
Em todos os rostos te procuro; em todos os trejeitos te encontro.
Ansiei tanto por ser livre, e agora só quero que você me prenda novamente em ti.
E, enquanto não faz um mês, te desejo, sinto sua falta, choro toda noite e te encontro nos lugares mais estranhos. Mesmo que, no fim, você só esteja em minha mente que, aos poucos, enlouquece.

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