Jeisy
Jeisy anda pelas ruas da cidade onde mora, conquistando olhares, colecionando corações despedaçados, distribuindo sorrisos ofertados por sua máscara.
Todos a possuem, mas ninguém a tem. Ela é do mundo,
mas não pertence a mais ninguém além de si mesma e das próprias fraquezas e
ambições. É como todas as outras garotas dessas tantas esquinas da vida, se
julga tão dona de si mesma e da sua falta de inibições que se perde todos os
dias.
Contorna os olhos castanhos de preto, usa
maquiagem para disfarçar as sardas e escova o cabelo ruivo para que sua
aparência seja mais forte que seu coração. Se odeia ao acordar, mas idolatra a
imagem que criou de si mesma. A Jeisy das seis da manhã é sensível e ainda
sofre da doença dos corações partidos. A outra, a da noite, não se importa. É
forte e decidida, fria.
Não é feia, mas precisa ficar deslumbrante para
apreciar os olhares que recebe toda noite. Só a parte exterior tem que bastar,
já que Jeisy não quer nada que possa lhe deixar vulnerável como uma borboleta na
chuva, não quer nada que a faça se sentir nua, desprotegida. Amar uma vez só é
o suficiente.
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