Jeisy

terça-feira, 14 de abril de 2015

Jeisy



Jeisy anda pelas ruas da cidade onde mora, conquistando olhares, colecionando corações despedaçados, distribuindo sorrisos ofertados por sua máscara.

Todos a possuem, mas ninguém a tem. Ela é do mundo, mas não pertence a mais ninguém além de si mesma e das próprias fraquezas e ambições. É como todas as outras garotas dessas tantas esquinas da vida, se julga tão dona de si mesma e da sua falta de inibições que se perde todos os dias.

Contorna os olhos castanhos de preto, usa maquiagem para disfarçar as sardas e escova o cabelo ruivo para que sua aparência seja mais forte que seu coração. Se odeia ao acordar, mas idolatra a imagem que criou de si mesma. A Jeisy das seis da manhã é sensível e ainda sofre da doença dos corações partidos. A outra, a da noite, não se importa. É forte e decidida, fria.
Não é feia, mas precisa ficar deslumbrante para apreciar os olhares que recebe toda noite. Só a parte exterior tem que bastar, já que Jeisy não quer nada que possa lhe deixar vulnerável como uma borboleta na chuva, não quer nada que a faça se sentir nua, desprotegida. Amar uma vez só é o suficiente.

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