Margarida
Ela colhia margaridas e as colocava no asfalto quente,
alinhadas, uma ao lado da outra. Dizia que iria esperar até que elas murchassem
e ficassem feias, mas a gente nunca ficava lá tempo o suficiente para assistir
a morte das delicadas flores.
Ela passava horas olhando para as luzes da cidade,
esperando que todas se apagassem, para que fosse a última a dormir. Mas sempre
pegava no sono antes de todas se apagarem. Um dia, eu fiquei acordado a noite
inteira só para perceber que era uma batalha perdida: algumas luzes nunca se
apagam.
E assim é a dela: nunca se apaga. Mesmo enquanto
dormia, sua beleza resplandecia e me deixava sem fôlego. Ela era linda.
Enquanto cantava no banho ou dançando no meio de um restaurante. Quando ela
sorria daquele jeito que me deixava louco, o mundo inteiro ficava iluminado. E
ainda fica, mas seu sorriso agora estampa o céu.
0 comentários :
Postar um comentário