Margarida

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Margarida



Ela colhia margaridas e as colocava no asfalto quente, alinhadas, uma ao lado da outra. Dizia que iria esperar até que elas murchassem e ficassem feias, mas a gente nunca ficava lá tempo o suficiente para assistir a morte das delicadas flores.
Ela passava horas olhando para as luzes da cidade, esperando que todas se apagassem, para que fosse a última a dormir. Mas sempre pegava no sono antes de todas se apagarem. Um dia, eu fiquei acordado a noite inteira só para perceber que era uma batalha perdida: algumas luzes nunca se apagam.
E assim é a dela: nunca se apaga. Mesmo enquanto dormia, sua beleza resplandecia e me deixava sem fôlego. Ela era linda. Enquanto cantava no banho ou dançando no meio de um restaurante. Quando ela sorria daquele jeito que me deixava louco, o mundo inteiro ficava iluminado. E ainda fica, mas seu sorriso agora estampa o céu.

0 comentários :

Postar um comentário