Notas sobre se diminuir
Não muito
tempo atrás eu tinha um “modelo” que eu queria seguir. Ela escrevia bem,
desenhava coisas maravilhosas e ainda era autoconfiante e popular.
E eu era
o patinho desconhecido que tentava escrever da mesma forma e que não sabia
desenhar. Ainda não sei, por sinal. Eu era a seguidora da abelha rainha que
nunca foi notada. A ignorada.
Até que
um dia, num desses mundinhos virtuais que não significam realmente nada, eu fui
notada. Ela leu um dos textos que eu havia escrito naquele meu jeito torto de
imitá-la. Ainda me lembro que era sobre um casal feliz, umas dessas cenas
curtas que dizem muito.
A cena em
si não dizia muito sobre romance ou profundidade, mas dizia muito sobre mim.
Dizia que
eu queria limitar minha escrita a meros textos sobre o amor correspondido que
eu nunca tive. Dizia que eu queria ser algo que eu nunca fui, que eu nunca vou
ser: ela.
E se eu
me lembro do tal texto até hoje, é porque eu tentava ser ela e isso foi só o
que ela conseguia escrever. Uma infinidade de textos sobre a mesma coisa, sobre
o mesmo casal, com o mesmo sentimento. Por mais que ela tentasse mascarar essa
tal “monomania” de estilo, todos sabiam que era sempre a mesma coisa.
Menos eu.
Porque eu
só via tudo o que eu nunca seria. Eu só enxergava as palavras que eu nunca
escolheria e a pessoa que eu não era capaz de ser.
E a coisa
só piorou quando a tal “abelha rainha” finalmente leu o que eu escrevi e
resolveu falar algo sobre. Não sei o que era, não vou lembrar as palavras
exatas, mas tinha um pouco de um veneno que escorria pelas linhas, mas que eu
não fui capaz de perceber.
Enquanto
as outras pessoas diziam que ela foi cruel eu aceitava e me conformava: “Eu
nunca vou ser assim”. E eu nem fazia ideia de como isso iria me fazer feliz um
dia.
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