Sobre marcas

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Sobre marcas



A do queixo foi a primeira. Ficou uma marca, pequena, que quase não faz diferença. Dois riscos mais profundos que a pele, um “y” meio torto que o médico me deu.
Depois veio a do nariz. Uma criança apertando um cachorro fofinho resultou num leve rachado, mais escuro que o resto do corpo, ao lado da narina. Assim como o primeiro, quase não dá para notar.
Outra é arredondada e fica no meu pescoço. Hereditária, passa de mãe para filho. Sei disso porque minha mãe tem uma igual. Assim como meu irmão e meu tio. Eu gosto dela; e, de algum jeito, me lembra carinho.
Tenho a da barriga também. Eita dias sofridos esses! Mais de uma semana com dor para, no fim, deixar um órgão com os médicos e ganhar mais um risco, quase invisível para quem olha de longe.
Tem uma no joelho, a da vacina que já é clichê, a que fica perto do umbigo, a do punho, a do dedo...
Dentre todas as marcas que eu ganhei um dia, seja de mim mesma, seja de outras pessoas, seja da vida: a que dói mais é justamente a do peito. Mesmo sendo a última, nem é mais tão recente assim. Entretanto, porém, todavia... ainda dói. Eu chamo ela de ‘incurável”, “inesquecível”, “você”.

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