Luiza

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Luiza



Luiza abriu os olhos e encarou a escuridão que envolvia o quarto estranho. Riu em silêncio, sem humor algum, enquanto decidia se a última noite havia sido verdade ou não, fruto de uma bebedeira ou de duas mentes sãs. Melhor acreditar que não, ou colocar a culpa toda no álcool. Mas ela sabia que nada disso era verdade.

Em algum desconhecido e estranho sonho, seu parceiro/amante/professor roncou baixinho e se virou. Os braços roçaram seu corpo nu e ele acordou ao sentir o toque contra a sua pele. Talvez tenha se dado conta de que dormiu com uma aluna. Ou talvez estivesse tentando entender o que ela ainda estava fazendo ali.

Os olhos castanhos se abriram e ele sorriu. Poderia sentir nojo de si mesma, mas conviver com os próprios erros – ou acertos - foi algo que Luiza aprendeu desde muito cedo. Não que ele tenha sido um erro. Amanhã, sabia, ele fingiria não conhecê-la e seu relacionamento se resumiria ao educado "bom dia". A única mudança seria no seu extrato de notas.

Ela poderia lamentar e se achar a mulher mais suja do mundo. Mas não se sentia como tal. E, convenhamos, ético ou não, Luiza não se arrependia.

4 comentários :

  1. Relacionamento de aluno e professor é complicado, há casos e casos sobre.
    Bom texto.

    Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de fevereiro. Serão dois vencedores, dividindo um vale compras e dois livros.

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    1. Muito complicado. O interessante é que às vezes dá certo. E outras, muito errado uaheuaheuaheu

      Obrigada <3

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  2. A paixão, de diversas formas, também nasce no instinto proibitivo. Como professor, sentiria-me extremamente incomodado com essa situação, porém, seu texto, de delicadezas e virtudes, fez-me enxergar o controverso ato por um prisma mais passional. E no calor do momento, não existe ética.

    Beijos! Gostei do teu espaço! Certamente visitarei mãos vezes! ;)

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    1. Dizem que o que é proibido é mais gostoso, não é? Ditados populares sempre tem um fundo de verdade... Analisando friamente, uma sensação de repúdio é natural, mas... Para Luiza, talvez o normal fosse fazer o que fez. Me veio à cabeça agora que uma personagem diferente poderia achar tudo natural. Tão natural que nem sequer cogitaria a questão "ética". Ignoraria sua existência, talvez. Obrigada pela presença e por me dar algo no que pensar!!

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