Beijos, blues e poesia

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Beijos, blues e poesia



Inspirado na música “Beijos, blues e poesia” da banda K-sis

Que amor de verão não sobe a serra, todos sabem, mas voltar aqui fez com que eu me lembrasse de você, menina. Deixar todo aquele cinza e a poeira da cidade grande para contemplar esse céu azul me fez lembrar de nós dois, do sal na minha pele, da praia, do sol escaldante e de como você ficou sem fazer contato. E eu, louco para te encontrar de novo. Doido por uma pista sequer. Por você. Foi culpa minha? Sua? Ou só o destino jogando na minha cara o que eu sempre soube: amores de verão têm a durabilidade de uma só estação.

Agora, um ano depois, tenho completa certeza de que o feitiço se voltou contra o feiticeiro. Assim como eu fiz com outras mulheres, você apenas passou por mim e não mais voltou. Será que, assim como eu, menina, você estava fugindo de relacionamentos sérios? De se apegar demais? Será que, assim como aconteceu comigo, alguém lhe deu o troco por brincar demais com corações de verão?

Voltando no tempo, sinto a areia e o sal pinicando minha pele e sua língua aquecendo meu corpo novamente. Eu estava chegando tão perto de cair que acabei fazendo juras de amor. Logo eu... Imagine! Eu fazendo juras de amor! Mas, para a minha felicidade, não era o único. Ali, na areia, com meus lábios lhe incendiando e com a música de um bar qualquer ao fundo, você também me fazia juras de amor, menina. E éramos tão convincentes que nem mesmo nos demos conta de que nunca mais iríamos nos ver. Mesmo sabendo que as palavras ditas na hora do sexo nunca devem ser levadas a sério, eu acreditei.

Voltando ao tempo presente, não me entendo. O sol de rachar em cima da minha cabeça me deixa com frio, as pessoas à minha volta são vagamente percebidas. As lembranças da noite de um ano atrás são intensas demais... De que penhasco me joguei?

Me pergunto onde é que você está. Passei dias te procurando em tudo quanto é canto, em todos os lugares que você disse que já visitou. Espero, em vão, a qualquer momento, te encontrar.

Tolice. Não passamos mais do que uma semana juntos e as chances de te ver são quase nulas, para não dizer “inexistentes”. O problema é dizer isso ao meu inconformado coração.


Enquanto ele não se convence, eu fico aqui, olhando para a praia, escrevendo cartas que as ondas vão levar diretamente ao fundo do mar.

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