Beijos, blues e poesia
Que amor de verão não sobe a
serra, todos sabem, mas voltar aqui fez com que eu me lembrasse de você, menina.
Deixar todo aquele cinza e a poeira da cidade grande para contemplar esse céu
azul me fez lembrar de nós dois, do sal na minha pele, da praia, do sol
escaldante e de como você ficou sem fazer contato. E eu, louco para te
encontrar de novo. Doido por uma pista sequer. Por você. Foi culpa minha? Sua?
Ou só o destino jogando na minha cara o que eu sempre soube: amores de verão
têm a durabilidade de uma só estação.
Agora, um ano depois, tenho
completa certeza de que o feitiço se voltou contra o feiticeiro. Assim como eu
fiz com outras mulheres, você apenas passou por mim e não mais voltou. Será
que, assim como eu, menina, você estava fugindo de relacionamentos sérios? De
se apegar demais? Será que, assim como aconteceu comigo, alguém lhe deu o troco
por brincar demais com corações de verão?
Voltando no tempo, sinto a
areia e o sal pinicando minha pele e sua língua aquecendo meu corpo novamente.
Eu estava chegando tão perto de cair que acabei fazendo juras de amor. Logo
eu... Imagine! Eu fazendo juras de amor! Mas, para a minha felicidade, não era
o único. Ali, na areia, com meus lábios lhe incendiando e com a música de um
bar qualquer ao fundo, você também me fazia juras de amor, menina. E éramos tão
convincentes que nem mesmo nos demos conta de que nunca mais iríamos nos ver.
Mesmo sabendo que as palavras ditas na hora do sexo nunca devem ser levadas a
sério, eu acreditei.
Voltando ao tempo presente,
não me entendo. O sol de rachar em cima da minha cabeça me deixa com frio, as
pessoas à minha volta são vagamente percebidas. As lembranças da noite de um
ano atrás são intensas demais... De que penhasco me joguei?
Me pergunto onde é que você
está. Passei dias te procurando em tudo quanto é canto, em todos os lugares que
você disse que já visitou. Espero, em vão, a qualquer momento, te encontrar.
Tolice. Não passamos mais do
que uma semana juntos e as chances de te ver são quase nulas, para não dizer
“inexistentes”. O problema é dizer isso ao meu inconformado coração.
Enquanto ele não se convence,
eu fico aqui, olhando para a praia, escrevendo cartas que as ondas vão levar
diretamente ao fundo do mar.

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