Eu

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Eu



Eu, que pensei não ter mais lágrimas, que me julguei transformada em pó e imaginei que estava rouca demais para gritar. Eu, que me achei calejada demais para sofrer, queimada demais para arder, gelada demais para me arrepiar e morta demais para sentir.

Eu, que me vi como um zumbi vítima dos próprios pensamentos sórdidos e macabros, que me julguei louca por ter no peito um coração destroçado, que coloquei o cérebro na frente do peito antes de pisar em qualquer terreno suspeito.

Eu, que briguei com o espelho por autocontrole, me vi desabando sobre os destroços de mim mesma.

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