Algum drama qualquer - IX
Não sorriu porque não sentia
vontade de sorrir e nem achava que era uma situação adequada para sorrisos. Não
falou porque não tinha nada que pudesse dizer e porque já tinha dito tudo o que
precisava. Não chorou; se julgava incapaz de chorar. Ele apenas segurou
firmemente as pequenas mãos da filha antes de abraçá-la apertado e beijar-lhe a
testa como sempre fazia desde que sua menina havia nascido. Não entendia como o
tempo havia passado tão rápido e não queria aceitar que sua garota havia
crescido, que ela precisava viver a própria vida em um lugar tão longe de casa.
Se pudesse, falaria tudo o que
queria e a levaria embora com ele, para o lugar que ela nunca deveria ter
deixado. Sorriria quando ela concordasse em lhe acompanhar e, talvez, só
talvez, deixaria uma lágrima escapar. Se pudesse, ia ainda mais longe, voltaria
no tempo, até aquele primeiro momento, em que viu sua boca se abrir e escutou o
berreiro como se fosse música de ninar. E ficaria parado ali. Congelado. Com a
mesma cara de tacho que sempre ficava quando ela o deixava sem palavras. E ela
quase sempre o deixava sem palavras.
Se pudesse, guardaria ela numa
caixa de vidro só para poder observá-la pelo resto dos seus dias.
Mas não podia. E como não
podia, limitou-se a abraça-la e a dizer que ela sempre poderia voltar para
casa.
que texto lindo, da vontade de ler , reler e ler de novo
ResponderExcluirhttp://www.dosedeestrela.com.br/
auehauehuaeh Fico muito feliz em saber que você achou isso. Obrigada <3
Excluir