Nostalgia
Éramos tão idiotas que me dá
nojo. Aos treze anos de idade, dizíamos ser o amor da vida um do outro e
juramos nos casar. Patético. Achávamos que sabíamos tudo sobre a vida, o amor e
a morte.
Como poderiam duas crianças
de treze anos de idade jurar se casar? Como imaginávamos que seriam nossas
vidas? Eu, você, dois filhos e um cachorro? Sem desavenças ou contas a pagar?
Que futuro teríamos se fugíamos da escola para namorar?
Graças à minha mãe, eu fui
obrigada a parar de sair para te encontrar escondida. Ainda bem que meus pais
me mandaram para um colégio interno que ficava bem no meio do fim do mundo.
Não que tenha sido bom ficar
longe de você, não em curto prazo, mas, no fim... Bem... Veja o que nos
tornamos. Você tem sua família, eu tenho a minha. E nos encontramos por um
feliz acaso para conversar sobre o passado. Nossa condição financeira é estável
e consegue satisfazer nossos desejos materiais, temos filhos lindos e nos
orgulhamos dos nossos cônjuges. Não faz sentido sentir arrependimento nenhum e,
muito menos, dizer que o que tínhamos era para a vida toda.
Então, por favor, não venha
com doces nostalgias dos tempos de escola dizendo que me amava e que perdemos
muito tempo separados. Não me venha com recordações e lamentações pelo que não
vivemos. Não diga que se arrepende por não ter respondido minhas cartas porque
eu não me arrependo de não ter te procurado depois que saí de lá.
Fale-me dos troféus de
natação que seu filho ganhou, me diga que sua mulher é a presidente do grupo da
boa vizinhança e que sua filha tem uma apresentação de ballet. Conte-me
uma piada, diga algo engraçado, diga algo doce, mas não diga que você me amou.
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