Nostalgia

domingo, 10 de abril de 2016

Nostalgia



Éramos tão idiotas que me dá nojo. Aos treze anos de idade, dizíamos ser o amor da vida um do outro e juramos nos casar. Patético. Achávamos que sabíamos tudo sobre a vida, o amor e a morte.

Como poderiam duas crianças de treze anos de idade jurar se casar? Como imaginávamos que seriam nossas vidas? Eu, você, dois filhos e um cachorro? Sem desavenças ou contas a pagar? Que futuro teríamos se fugíamos da escola para namorar?

Graças à minha mãe, eu fui obrigada a parar de sair para te encontrar escondida. Ainda bem que meus pais me mandaram para um colégio interno que ficava bem no meio do fim do mundo.

Não que tenha sido bom ficar longe de você, não em curto prazo, mas, no fim... Bem... Veja o que nos tornamos. Você tem sua família, eu tenho a minha. E nos encontramos por um feliz acaso para conversar sobre o passado. Nossa condição financeira é estável e consegue satisfazer nossos desejos materiais, temos filhos lindos e nos orgulhamos dos nossos cônjuges. Não faz sentido sentir arrependimento nenhum e, muito menos, dizer que o que tínhamos era para a vida toda.

Então, por favor, não venha com doces nostalgias dos tempos de escola dizendo que me amava e que perdemos muito tempo separados. Não me venha com recordações e lamentações pelo que não vivemos. Não diga que se arrepende por não ter respondido minhas cartas porque eu não me arrependo de não ter te procurado depois que saí de lá.


Fale-me dos troféus de natação que seu filho ganhou, me diga que sua mulher é a presidente do grupo da boa vizinhança e que sua filha tem uma apresentação de ballet. Conte-me uma piada, diga algo engraçado, diga algo doce, mas não diga que você me amou.

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