Algum texto qualquer - IV

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Algum texto qualquer - IV


Suas perguntas de duplo sentido me deixam... desconcertada. Sinto tudo e nada ao mesmo tempo. Sorrio, tenho vontade de chorar, fico rindo de alegria e de nervoso.

Suas perguntas são feitas para me matar. Você quer a resposta certa, mas eu não sei se quero dá-la. Você quer que eu me sinta pressionada pelas entrelinhas da sua voz, eu sei. Eu sei exatamente como você se sente.

Por trás do escárnio do olhar, fica uma mente trabalhando a mil por hora para proteger o coração que alça voo a cada nota - cantada ou não - que sai por entre meus lábios. Nós temos nossas piadas internas, nossos medos secretos, nosso sentimento encoberto, eu sei. Eu sinto. É a mesma coisa desse lado aqui.

Mas suas perguntas de duplo sentido me assustam. São mais profundas do que os outros imaginam, atingem mais fundo do que todos pensam. Elas são feitas para matar o medo que vive aqui dentro. Elas anseiam pelas respostas que vão calá-las para sempre.


Você sabe as respostas. Eu sei. Eu sinto. O que não sabemos é se estou pronta para proferi-las.

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