Alguma crônica qualquer - I

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Alguma crônica qualquer - I


É só mais uma daquelas coisas que eu não consigo entender. E nem quero. Pessoas desejam aquele amor de conto de fadas que no fim terá escrito "E viveram felizes para sempre" em letras entrelaçadamente irritantes. Como se uma alma ficasse presa à outra por toda a eternidade assim como as letras estão, no fim do filme.

Primeira coisa: Não é "para sempre". Certo, eu sei que é óbvio, mas... Ugh! Por que insistem em negar a existência de um fato tão crucial da vida humana? "Que seja eterno enquanto dure", por tudo o que é mais sagrado, não finja que dizer isso vai mudar alguma coisa. Vai acabar, minha filha, se prepare desde o início que dói menos. Se você não levar um chute no traseiro, alguém vai morrer porque é isso o que acontece: alguém morre.  Sempre.

Como se não bastasse ignorar a existência do fim, a criatura ainda insiste em chamar os que não concordam com ela de "insensíveis" e coisas que, no fundo, significam a mesma coisa para a mente limitada da candidata à Cinderela. Alguém lhe ensine o que é ser insensível porque a pessoa também não sabe que "insensibilidade" e "realismo" não são antônimos.

E é claro que todo conto de fadas tem um príncipe. Dã! Óbvio, né? Os que não têm um príncipe, têm um salvador milagroso como o caçador da chapeuzinho vermelho ou o porquinho inteligente que constrói a casa de tijolos. Porque meninas são sensíveis e tão frágeis que precisam de um Edward de estimação que vai salvá-la dos terríveis Volturi.

Admito que não sei quem os "Volturi" da questão são. Não se encaixa na família do tal príncipe ou no vilão que quer tê-la como esposa à qualquer custo. E, meu deus do céu, que espécie de adolescente de quinze anos de idade vai matar meio mundo para roubar a namorada do seu arqui-inimigo?! Se ele matar alguém por causa de mulher/menina/ameba ou sei lá o quê deveria ficar na cadeia ou numa clínica psiquiátrica. No mínimo. Sem falar que driblar a polícia, ministério público e a família de uma menina rica ou do viúvo milionário é muito fácil, certo? Só que não, minha filha.

Ou talvez eles sejam mesmo os vampiros ocultos que só estão esperando que o outro vampiro se apaixone pela humana pateta para tentar matar todo mundo. Então por que não matam logo o vampiro mais pateta ainda ao invés de dar a chance para o "bem" vencer o "mal"? Se os vilões da vida real fossem tão burros assim, não existiria bandidos, todo homem seria casado, todo mundo teria uma arma para fazer o papel de justiceiro e o código penal seria desnecessário. Tão desnecessário que nem existiria. Utopia dos corações desprovidos de razão, meu bem.

E temos que concordar que ninguém é tão bonzinho ao ponto de beijar uma pessoa morta só para ver se ela acorda. Quem em sã consciência vai beijar uma desconhecida morta? A não ser que curta necrofilia, mas isso não vem ao caso.

O "para sempre" e o "santo príncipe" não existem. Mas nós temos aquele ser asqueroso que muda pela Bela. Temos a Fera que, pelo verdadeiro amor, se transforma num príncipe. É, meus caros, tem aquelas imbecis que se apaixonam pelo serial killer e pelo assassino de aluguel. Tá. Talvez não ela não tenha culpa de se apaixonar porque ninguém manda no coração, mas ela vai atrás dele. Vira seu bichinho de estimação. Isso porque eles seriam uns anjos com uma menina apaixonada, teriam a linda ação de se apaixonarem de volta e contariam para a doce e sensível anta que recebe para matar outras pessoas. E eles, de forma alguma, iriam matá-la também. "Imagina! É um serial killer! Nunca me mataria!"

E, como se não bastasse, o tal assassino/príncipe/salvador-de-jumentas-em-perigo é o Harry Styles. É, eu sei. Nonsense também.

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