Juno
Descabelada, Juno encarava as paredes brancas
acolchoadas. Seus olhos azuis estavam amedrontados, como se a qualquer momento
eles pudessem entrar novamente para fincar-lhe mais uma agulha em alguma parte
do seu corpo. Era só o que eles faziam ultimamente.
Ela sabia porque estava ali. Sabia porque
usava uma camisa de força e o que todos pensavam sobre isso. Só que Juno não
era louca. Ela apenas era diferente da maior parte das pessoas. Isso não é um
crime. É?
Os olhos azuis examinavam cada fresta do
cômodo, cada botão em cada bloco macio da parede. Seus braços tentavam a todo
custo se mexer, mas era inútil, eles haviam apertado a camisa com muita força.
Queriam seu sangue puro, raro, seus olhos
azuis, seus cabelos loiros e sua pele corada. Eles queriam seu ser, queriam
possuir seu dom da beleza para guardar em seus bolsos e vendê-lo a quem pagasse
mais. Eles queriam ser ela.
Por isso diziam que ela era louca, que suas
ideias não eram tão sãs. Usavam artifícios e jogos impuros para convencê-la de
que não era melhor que ninguém e de que ela não era a encarnação de uma deusa
grega mais poderosa que todos eles juntos.
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