Da janela do quinto andar
Em algum lugar entre o asfalto e as estrelas,
em algum mundo entre meus pés e as poças de água, eu te encontrei. Não surgiu
de repente. Nem esteve aqui o tempo inteiro. Talvez tenha sido uma mistura das
duas coisas, talvez, com o tempo, eu tenha percebido você me olhando da janela
do quinto andar.
Sua pele deve ser branca, mas a cor pode ser
só o efeito da sua condição de fantasma. Não consigo vê-la direito, mas sei que
está ali, olhando para a rua enquanto eu corro pela avenida nem tão movimentada
assim.
Seus olhos me acompanham, seus cabelos seguem
a direção do vento e as outras pessoas continuam em seu próprio caminho sem ao
menos te enxergar. Com o tempo, foi me contando uma história que ninguém seria
capaz de entender. Passou pelos
problemas com o peso, pela depressão, falou-me da sua família e da escola, onde
ninguém nunca quis te conhecer.
E chegou ao limbo dos suicidas, à parte que
ninguém faz questão de saber como aconteceu. Falou sobre a liberdade do voo e
sobre a dor excruciante da queda.
Agora, todos os dias, você sorri como se todos
os fantasmas sorrissem o tempo inteiro.
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