Marieta
O enfeite de cabelo caiu, mas seus olhos
continuaram fixos na lente. Marieta precisava ter toda a atenção voltada para a
sua missão: seduzir os clientes. Sua imagem era o que venderia a linha de
lingerie.
Com seus olhos azuis escuros, lábios pintados
de um vermelho meio alaranjado e 57 quilos em 1,75 de altura, havia conquistado
o amor de fotógrafos, inveja de mulheres e desejo de homens ao redor do mundo.
Já fora fotografada de todos os modos possíveis: vestida, nua, com peruca, sem
qualquer tipo de adorno... Se bobear, até do lado avesso.
Agora, aos 35 anos, era a sua despedida dos
flashes. A última sessão de fotos antes de Marieta conseguir, por fim, usufruir
de todo o dinheiro que ganhou desde os dezessete anos de idade.
Caribe, Paris, Noruega, Suécia, Finlândia...
Conheceria o mundo, voaria, navegaria e correria por todos os aeroportos, mares
e estradas ao redor do globo. Viveria. Feliz, contente e, acima de tudo, livre.
Precisava
comprar as passagens logo depois de mostrar o dedo do meio p’ro mundo. Mas,
antes de tudo, precisava mesmo era se levantar da cama e ir para a escola,
porque ela nem era tão bonita assim para ser modelo.
Bianca
Pontes
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