Escravidão Tecnológica
Eu sempre questionei a tal
dependência que há no amor. Okay, é um jeito meio sem noção de começar uma
crônica sobre escravidão tecnológica, mas é o que há para hoje. E, talvez, para
sempre, já que eu, muito provavelmente, não vou escrever outro texto como esse.
Ou esse texto outra vez... Que seja.
A questão é que questionar a
dependência que o amor gera não me parece fazer mais sentido algum. Talvez
porque eu tenha saído da fase “rebelde sem causa” que tanto me parecia certa
(é, problemas de cabeça moram nas cabeças de todos) ou porque eu simplesmente
tenha me dado conta de que dependemos de coisas muito mais fúteis,
desconhecidas e inconstantes que o coração.
Já faz uma semana - ou mais,
eu acho, perdi a noção do tempo – que me sinto livre. E, por sinal, sem
celular. Não. Não foi uma coincidência. Uma coisa levou à outra como sempre
acontece no mundo real e coisa e tal, etc... A questão é que percebi que
as pessoas – eu, inclusive – dependem muito de coisas que não tem tanta
importância assim. No meu caso e no caso da maior parte das pessoas da minha
geração, o amado celular.
Lá pelos meus doze, treze
anos, minha mãe me mandava fazer as pesquisas escolares em livros e não na
internet. “Eu sobrevivi assim, por que você não pode?” É uma boa
pergunta. A resposta? Velocidade. Rapidez demais num mundo mais rápido
ainda não me parecia problema há uns cinco, seis anos atrás, mas, agora... Pra
quê correr? Parafraseando Capital, não me vejo de frente mesmo. Pra quê essa
pressa toda em fazer algo? Para ter mais tempo livre para não fazer nada? Ou
para fazer mais coisas em um curto período de tempo e morrer de estresse?
Muitas vezes, confundimos praticidade com comodidade e competência com
velocidade. Reflexos do fordismo ou medo de morrer antes de ganhar a
corrida contra o resto do mundo?
Mas enfim... Aquele maldito
aparelho tem seus benefícios, obviamente, mas também nos prende. E limita nossa
memória, já que decorar telefones e endereços não faz mais parte do dia-a-dia
dos humanos-máquinas em geral. Quando não é um aplicativo qualquer apitando, é
alguma pessoa ligando para, no mínimo, saber onde você está. Ficar em contato
com os amigos é bom, é verdade, mas um pouco de solidão não mata ninguém
também. Cobrança e conversa demais gera estafa excessiva e/ou colapso mental.
Eu só... Sei lá. Me parece
bom respirar, parar de olhar as horas o tempo inteiro – mesmo que por uma mania
besta, esquecer dos problemas que chegam pelas sms’s e ligações, das coisas que
acontecem no whatsapp. Se bobear, posso até me pegar escrevendo cartas. Foi bom
“me desligar”, por assim dizer. Pelo menos nos momentos em que não estou em
casa, foi bom esquecer que existe um mundo paralelo, em outra dimensão, que é
até mais problemático que esse.
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