A dor é um evento
“A dor é um evento”
– Hugh Laurie
E é mesmo.
Você se prepara para a sua
chegada como quem aguarda a família no natal. Ela tem que vir, mas precisa
ficar confortável e bem alimentada. Se vier abruptamente, é errada. Mas se vier
aos poucos ela é até misericordiosa.
A dor pode ser quase como um
bálsamo. Depois de tanto tempo sem saber o que sentir, ela se veste de anestésico,
que coloca fim em algo pior: na incerteza.
Em outros momentos, ela é pior
do que a morte. Você faria qualquer coisa para não senti-la, se entope de
remédios buscando o nada. E passa dias dopada, fingindo não sentir o que sente.
Ela pode vir de surpresa, de
uma vez, ela chega com os dois pés na porta e derruba até as paredes. Ela te
atinge até nos ossos e escorre pelos olhos, se transforma em grito, suor.
Qualquer coisa para se expandir, para ficar livre.
A dor vai e fica. Ela pode ser
dividida com os outros, mas nunca é o suficiente. Ela mora dentro da gente e
acaba se tornando parte do nosso ser. Mais do que um evento, ela é uma
presença. E quando ela chega, se transforma em constante.
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