Sobre ser mulher
Ser
mulher é crescer ouvindo “você só vai se
seu irmão for” ou “quem vai junto?”.
É ter horário p’ro seu pai te buscar porque sua mãe quer dormir e você não pode
voltar sozinha. É fazer a volta porque o caminho mais curto também é escuro. É
não precisar ser telepata para ler os pensamentos quando você afirma saber
alguma coisa. “Você?! Duvido!” É se
preocupar com companhia sempre que vai viajar.
Ser
mulher é passar a vida inteira provando para o mundo que você não precisa
provar nada para ninguém. É ouvir elogios aos seus olhos, sorriso, ao seu corpo
e nunca à sua mente. É ter sua inteligência diminuída por causa do tamanho do
seu manequim. E não importa realmente o tamanho. Se ele for grande, você é burra. Se for pequeno, também.
É
precisar alisar o cabelo porque o cacheado é feio. É deixar de alisar o cabelo
para se libertar dos padrões de beleza. É aceitar que você vai receber críticas
o tempo inteiro. É ter que se maquiar. É não precisar se maquiar para ficar
bonita.
É muito
mais do que sentir cólicas e ficar louca na TPM.
É
conviver diariamente com os olhares, com as palavras, com todas as piadas. É ser
chamada de bruxa desde a idade média. É precisar de um protetor.
É ter
que ser feminina. É abrir mão da vaidade para ser considerada inteligente. É
não poder se casar por amor porque você, como eu disse antes, precisa de um
protetor. É ser “a vagabunda” por não
ter se casado por amor, por ter muitos “namorados”,
por chegar de madrugada.
Ser
mulher é ser julgada. Por todos. Até mesmo por outras mulheres. É ouvir coisas
como “toda mulher é bissexual. Se não é,
é porque nunca provou outra mulher”. Ser mulher é ser violentada
constantemente, diariamente. E a violência não é só a física e muito menos
sexual.
Ser
mulher é ter que olhar p’ro espelho todos os dias e saber que se você se acha
bonita, é arrogância. Se se acha feia, é mimimi.
Ser
mulher é entender que esse texto também vai ser considerado mimimi.
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