A irmã mais nova
Você sempre esteve um passo
à frente, um degrau acima. E eu, a segunda melhor, a eterna vice. A irmã mais
nova, a que sempre vinha depois.
É claro que meus passos eram
mais rápidos e que minha respiração era acelerada. Ofegante, até. Mas isso era
só para te alcançar. Você sempre estava com a mente mais aberta, com o coração
mais acostumado ao mundo e a suas belezas imortais.
Eu rodava em círculos ao seu
redor, tentando chamar atenção. Ansiando por um minuto sequer sob os
refletores.
Mas você tinha tudo. E eu
não era nada.
Você era o sol e a lua. Eu, uma
estrela qualquer. Você era o girassol. E eu, apenas mais uma rosa vermelha numa
plantação de rosas vermelhas: nada demais.
Entende, então, porque está
aqui e porque beberá esse copo de desinfetante? Agora entende qual foi esse mal
que tanto me fez? Entende a profundidade do meu ódio?
Eu fui sua mais fiel
seguidora, sua melhor amiga, sua única confidente. E você só me recompensou com
os restos das atenções. O que era demais para você, vinha para mim. E nada
nunca foi demais para você. Você tinha tudo. E queria muito, muito mais.
Mas não se preocupe.
Continuará sendo o centro das atenções durante seu velório e depois. Pelo resto
da eternidade, você será lembrada como a filha maravilhosa que era. E eu,
finalmente, serei o centro do amor de todos os que te veneravam. É bom para as
duas, entende?
0 comentários :
Postar um comentário