A irmã mais nova

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A irmã mais nova


Você sempre esteve um passo à frente, um degrau acima. E eu, a segunda melhor, a eterna vice. A irmã mais nova, a que sempre vinha depois.

É claro que meus passos eram mais rápidos e que minha respiração era acelerada. Ofegante, até. Mas isso era só para te alcançar. Você sempre estava com a mente mais aberta, com o coração mais acostumado ao mundo e a suas belezas imortais.

Eu rodava em círculos ao seu redor, tentando chamar atenção. Ansiando por um minuto sequer sob os refletores.

Mas você tinha tudo. E eu não era nada.

Você era o sol e a lua. Eu, uma estrela qualquer. Você era o girassol. E eu, apenas mais uma rosa vermelha numa plantação de rosas vermelhas: nada demais.

Entende, então, porque está aqui e porque beberá esse copo de desinfetante? Agora entende qual foi esse mal que tanto me fez? Entende a profundidade do meu ódio?

Eu fui sua mais fiel seguidora, sua melhor amiga, sua única confidente. E você só me recompensou com os restos das atenções. O que era demais para você, vinha para mim. E nada nunca foi demais para você. Você tinha tudo. E queria muito, muito mais.


Mas não se preocupe. Continuará sendo o centro das atenções durante seu velório e depois. Pelo resto da eternidade, você será lembrada como a filha maravilhosa que era. E eu, finalmente, serei o centro do amor de todos os que te veneravam. É bom para as duas, entende?

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