Crônicas da faculdade - Mestres... Excêntricos (?)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Crônicas da faculdade - Mestres... Excêntricos (?)


Todo e qualquer aluno já teve um professor estranho. É claro que as “excentricidades” pioram à medida que você cresce e tem uma percepção mais - ou menos - objetiva. Verdade é que uma criança de cinco anos não perceberia a exibição porca que um professor faz do seu Iphone de última geração. Ou perceberia e acharia a coisa mais legal do mundo... Não sei.

"Vamos falar de paradigma!" Mais especificamente, o paradigma do iphone. Paradigma esse que habita as aulas chatas por algumas semanas. Até que a matéria muda e ele levanta o objeto preto brilhante para que toda a sala veja com clareza. "Vamos falar de Organização estatal". Sim, meus caros, o iphone é o Estado soberano da coisa. Quem são os entes a ele subordinados? Galaxy's? "Hoje o assunto é o Estado social de direito"... Dá-lhe iphone reluzente na cara. Ele deve achar que aquele brilho todo ofusca os pobres olhares dos pobres estudantes. Paciência...

Possível encontrar também um professor que nunca compra as calças no tamanho certo. Seja jeans, preta, azul ou roxa, ela sempre cai. Mesmo com o cinto. Então lá se vai o baixinho loiro andar pela sala segurando a maldita da calça. Dois passos, uma puxada. Quando os passos excedem e sua memória ignora o fato de que a calça simplesmente cai, um puxão mais profundo faz-se necessário e o ser sem senso de tamanho fica comicamente atrapalhado entre careta, risadas e sinto desajustado. Talvez, se vendesse o iphone, teria dinheiro para comprar calças novas... Vai saber...

"Você deveria ter aprendido isso no ensino médio! Você não entende matéria do ensino médio?!" Os gritos fizeram meus olhos se arregalarem e minha língua, geralmente rápida para respostas secas e irônicas, congelar. Como assim aquela mulher que mais parecia um sapo enrrugado - ou o mestre dos magos - estava berrando coisas sobre ensino médio e eu não ter competência para aprender?! A merda começou quando colocaram a maldita da economia na carga horária. E eu sabia disso. Minha vontade foi dizer:

- Minha filha, tem um motivo por eu estar nesse curso. Se eu proseasse com a matemática, seria engenheira e não advogada. E desculpe se eu sou tão burra que não fui capaz de passar na federal exatamente pela matemática. Aliás, por que é que você, ser de inteligência tão superior, não trabalha lá mesmo?

Mas eu, congelada como estava por causa da gosma e dos sons profanos que saíam da boca daquele ser, não disse nada e me contentei em falar mal da maldita professora de economia geral na rádio corredor mesmo. Havia um motivo para eu nunca ter gostado de sapos. Só fui entender isso aos dezessete anos de idade, mas ok.

"Sua blusa combina com os seus olhos", que, por sinal, estão assustados. As mãos bem feitas ainda seguram as minhas enquanto o que eu mais quero na vida é sair daquela sala e berrar “FÉRIAS!” por uma semana seguida. O que não é possível agora, já que o professor/maior-protagonista-da-rádio-corredor não me deixa sair. Nunca confie em homens que fazem as unhas. "São verdes, não?" Por acaso ele é daltônico? Azuis que não são. E burro também. Não sou do tipo que quer o corpo dele nu. E nem vestido, por sinal. Com algum sorriso sem graça e um “tenho que ir”, finalmente, consigo me livrar do esquisito e saio da sala. Deus... É tão difícil assim ter professores normais? Então olho para baixo e prometo parar de usar blusas decotadas. Ou verdes. Que seja...

Ela era descabelada e um amor de pessoa. Atenciosa, cordial, sorridente. E casada, provavelmente. No mínimo, comprometida. No semestre seguinte, o cabelo se ajeitou, o casamento provavelmente acabou - ou o marido broxou - e um demônio a mulher virou. Implicou até com uma mosca que passeava pela sala e com a aluna quando esta, por sinal, havia parado de falar. O que aconteceu nos dois meses de férias entre um semestre e outro? Acho que ninguém teve coragem de perguntar...

Eu olho para o lado e o garoto está se sentido mais desconfortável que peixe fora d'água. Oh God, é exatamente o que eu imaginei. A sala em círculo, o calor de fevereiro ainda em horário de verão e piadas do tipo "Esse calor me dá um fogo!" aliadas a olhares pouco sutis direcionados ao garoto em questão. Minhas sobrancelhas se erguem e uma risada sufocada consegue escapar por entre meus lábios. O garoto me olha e, eu sei, sente vontade de me jogar pela janela e se jogar logo em seguida.

Ah, meu caro, isso é só o início.


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